Como pode ser que duas pessoas passem pela mesma experiência e só uma delas fique traumatizada? Porque suas reações internas e emocionais são completamente diferentes. Ou seja, o trauma não está nos eventos em si, mas em como reagimos emocionalmente a eles no momento em que ocorrem.
Na clínica, vejo muitas pessoas invalidando seus sofrimentos. Elas dizem que há coisas piores acontecendo no mundo ou que “não foi tão ruim assim”. O problema é que essas comparações são inúteis porque minimizam a experiência pessoal e impedem a cura.
Nem todo trauma precisa advir de acontecimentos excepcionais, como acidentes, abusos e catástrofes (o que chamamos de traumas com T maiúsculo). Existem também os traumas com T minúsculo, que são situações menos óbvias, como negligência emocional e críticas constantes durante a infância. Ambos os tipos podem levar ao sofrimento emocional e à busca de alívio por meio de dependências ou outros comportamentos autodestrutivos.
Reconhecer nossos traumas é o primeiro passo para a cura. Isso não significa entrar no papel de vítima, mas sim assumir a responsabilidade pela própria recuperação. Quando entendemos que somos responsáveis pela nossa cura, podemos começar a elaborar e a trabalhar nossas feridas emocionais, passando a ser mais verdadeiros conosco mesmos.
Citando o Gabor Maté mais uma vez: “É essa a tarefa do nosso tempo, uma tarefa capaz de redimir o passado, inspirar o presente e apontar para um futuro mais luminoso e saudável.”
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Texto da imagem: “Trauma não é o que acontece com você. É o que acontece dentro de você como resultado do que acontece com você.” – Gabor Maté