Sobre sermos outono

O pobre outono é tão mal falado! São tantas as reclamações, que parece que a alegria de viver vai embora junto com o verão.

Mas não se pode pular etapas nem ciclos: cada dia e cada cor fazem parte da nossa jornada.

Nesta época do ano, as folhas que caem nos lembram que é preciso soltar o que já não nos serve, abrindo espaço para a renovação.

Com a chegada do frio, passamos mais tempo em casa, e essa introspecção é uma oportunidade para autoconhecimento e reflexão.

Como os dias são curtos, temos mais oportunidades para ver o nascer e o pôr do sol, além de poder contemplar o céu noturno e as estrelas, que pouco vemos durante o verão.

O frio não é nosso inimigo quando nos lembramos de ver beleza na transição. Esssa transição nos lembra dos nossos próprios ciclos, que são menos intimidantes quando enxergamos a riqueza dos processos internos.


É fácil gostar do outono nos dias ensolarados e de cores vibrantes.

Mas é bem mais difícil quando os dias são cinzentos e melancólicos.

Eles nos lembram do inverno que está por vir e dos longos meses frios que nos aguardam.

O problema não é o frio nem a chuva, mas sim a resistência em aceitar que a vida é formada por ciclos, e que nem sempre eles vão parecer positivos.

As estações do ano nos mostram que cada etapa tem uma função que, depois de respeitada e concluída, dá lugar a outra.

Da mesma forma, a nossa história tem aspectos luminosos e outros sombrios, e todos são igualmente aceitáveis.

No processo de individuação, assim como na natureza, não podemos selecionar apenas os momentos de luz.

O verdadeiro crescimento ocorre quando aceitamos a nossa totalidade, abraçando todos os aspectos da nossa jornada.

É preciso passar pelo outono para chegar à primavera.