Numa apresentação para crianças, tinha uma moça dançando no palco junto com as crianças, e naquele momento me senti super incomodada.
Minha primeira reação foi pensar: “Nossa, que mulher sem noção! Que vergonha alheia, isso é só para as crianças”. Mas logo depois, comecei a questionar esse pensamento. Por que eu estava julgando aquela mulher, que estava tão feliz?
Ao prestar atenção nos meus pensamentos, percebi que, na verdade, eu queria estar no lugar dela. Queria dançar e me divertir, mas estava projetando meu desejo reprimido de liberdade e espontaneidade nela.
Projeções acontecem quando atribuimos nossos próprios sentimentos, desejos ou qualidades a outra pessoa. No meu caso, eu projetei meu desejo de dançar e ser livre na mulher que estava se divertindo no palco.
Em vez de reconhecer que eu queria dançar, julguei a mulher por estar fazendo exatamente isso. Dizendo que era ela a errada, eu não precisava olhar para a minha timidez e podia continuar sentada na minha zona de conforto.
Projeções nem sempre são tão diretas ou fáceis de identificar. Se você sente muita raiva de pessoas injustas, não significa que você quer ser injusto. Na verdade, pode ser que a injustiça toque uma parte sensível em você, talvez uma experiência passada ou um valor pessoal muito forte.
Na psicologia junguiana, entender e reconhecer nossas projeções é um passo importante para o autoconhecimento. Ao tomar consciência de nossos pensamentos e sentimentos projetados, podemos começar a integrar essas partes de nós mesmos, levando a uma vida mais consciente e tirando muito peso das nossas relações com outras pessoas.