Ter amigos nativos é ótimo quando moramos no exterior, já que com eles aprendemos o idioma e os costumes locais, além de ganharmos novas perspectivas de mundo.
Por outro lado, percebo que fazer amizade com outros brasileiros ajuda na nossa adaptação. Quando estamos nos sentindo um peixe fora d’água, por exemplo, é terapêutico poder usar nosso idioma e as referências que só quem cresceu no Brasil conhece.
Às vezes, esses amigos viram família, já que são a única rede de apoio que temos. Afinal, somente quem passa por experiência similar entende realmente nossas conquistas e aflições. Os amigos que continuam no Brasil, por mais empáticos que sejam, não conhecem a nossa realidade atual, e os amigos nativos não entendem nossas origens. Nenhum deles sabe o quanto precisamos batalhar, vivendo essa vida meio dividida. Nem daqui, nem de lá.
Há quem fale mal de brasileiros, mas penso que pessoas de índole duvidosa existem em qualquer lugar. Obviamente, não precisamos ser amigos de todos os brasileiros que encontramos, assim como não abrimos nossas casas no Brasil para qualquer um. Nossos valores continuam sendo nossos guias.
Não estou dizendo que devemos viver em uma bolha de brasileiros porque nenhuma forma de isolamento é saudável, e para haver integração é preciso navegar bem no país de acolhida. Mas nem tudo depende de nós, e se todo o resto for pesado, especialmente nas fases iniciais da migração, que pelo menos as amizades nos tragam leveza.