Esses dias, a Nicole me contou que a avó da amiga dela estava vindo da Rússia para a Alemanha e que essa amiga estava muito ansiosa.
A Nicole disse: “Fiquei feliz por ela e também por saber que alguém me entende. Poucas pessoas sabem como é especial para mim quando alguém da família vem me visitar.”
Admiti que eu também não sei como é isso. Eu, que morei durante anos com uma avó e sempre visitava a outra, cresci cercada de carinhos que as minhas filhas experimentam poucos dias por ano.
Claro que elas recebem muito amor em casa, mas estar com os avós tem sempre uma leveza a mais, né?
Elas sempre ouvem os amigos alemães comentando de finais de semana e férias com a família. Por mais que elas não conheçam outra realidade, só consigo imaginar o quanto doa estar a tantos milhares de quilômetros de colo de avós, bagunça com os tios e jogos com os primos.
Coincidentemente, a avó das minhas filhas, minha mãe, chegou na Alemanha na mesma semana que a avó da Rússia.
Por ser um momento raro, o abraço de reencontro é apertado para compensar os meses de saudade, e depois elas ficam grudadas o máximo de tempo possível. Dão risada, brincam e aproveitam cada segundo, talvez mais do que quem se veja sempre.
A distância não é nada fácil, mas a ausência mostra o valor inestimável da presença.