Estou de férias na Itália, me sentindo leve e pensando que adoraria morar aqui. Mas sei bem que a realidade de morar em um país é totalmente diferente de fazer turismo nele (eu já fui turista na Alemanha antes e sei do que estou falando).
Como turista, me sinto leve porque não preciso saber italiano para me virar. Mesmo assim, arrisco umas frases com o pouco que aprendo no Duolingo. Não me importo com os erros, dou risada de mim mesma e não me sinto obrigada a acertar. O foco está na experiência e na descoberta. Se erro, é parte da aventura.
Em modo turismo, minha mente busca diversão e não sobrevivência. Não tenho planos a longo prazo: só há o aqui e agora. Cada dia é uma novidade e uma chance de aprender algo novo.
Mas morar em outro país é diferente. Como residente na Alemanha, dominar o alemão é uma necessidade. Preciso entender os documentos, me comunicar efetivamente, acompanhar a educação das minhas filhas e resolver problemas diários. Os erros linguísticos não são mais engraçados – podem ser frustrantes e até prejudiciais.
Como turista, não tenho que lidar com burocracia, me encaixar na comunidade nem entender profundamente a cultura local. Chego, aproveito e vou embora, como se fosse uma realidade paralela.
Enquanto eu, como turista, exploro o novo com empolgação, esse mesmo desconhecido me intimida quando estou no papel de migrante, pois preciso me adaptar. Não sou mais visita: cheguei para ficar e incomodo os mais conservadores, que talvez não ligassem se eu só fosse turista.
Além de tudo, fim de férias para mim sempre representa sair do papel de turista e voltar para o de migrante. Acho bem cansativo ter que ir de uma vez de 100 a 0 na escala de leveza. Talvez falte o fator “voltar para a sensação de casa”, mas não sei se essa casa existe.
Enfim, depois de escrever tudo isso e correndo o risco de me contradizer: minha paixonite pela Itália segue forte. Quem sabe um dia?!